Por Fabiana Maranhão
Nas ruas do Recife e de vários municípios pernambucanos, elas são maioria. Na garupa. São namoradas, esposas, amigas ou apenas colegas que aproveitam a vaga na parte traseira das motocicletas para pegar uma carona. Circulam, muitas vezes com capacetes rosas, colorindo o trânsito das cidades. Mas aos poucos esse cenário tem mudado. Elas parecem não se contentar mais em ser guiadas e hoje já é cada vez mais comum ver mulheres no comando da direção de motos.
Os números comprovam o que os olhos percebem. O ano de 2009 ainda nem acabou e a quantidade de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH) da categoria A - necessária para a condução de uma moto - emitidas para as mulheres em Pernambuco já é 25% maior em relação às expedidas durante todo o ano passado.
A comparação com os dados de 2005 é ainda mais surpreendente. De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE), a quantidade de carteiras de motorista emitidas nos últimos quatro anos para pessoas do sexo feminino cresceu 87% no Estado. Este ano, somente até outubro, segundo o Detran-PE, foram expedidas 24,7 mil CHNs da categoria A para mulheres quando há quatro anos esse número foi de apenas 3,3 mil.
Nas salas das autoescolas, as mulheres também têm ocupado cada vez mais espaço. Na autoescola Piloto, no bairro dos Aflitos, Zona Norte do Recife, a procura de mulheres por aulas para aprender a pilotar motos aumentou em 30% desde o ano passado. "Atualmente, 15% dos nossos alunos são mulheres. Há uns dois anos, esse índice quase não chegava aos 5%", informa a instrutora e proprietária, Graicy Kelly Alves.
A instrutora acredita até que esse crescimento poderia ser maior se não fosse o medo que muitas têm de enfrentar o trânsito sobre duas rodas. "As mulheres ainda têm muito receio. Querem, mas temem dirigir no trânsito caótico do Recife. Algumas chegam aqui dizendo que vão tirar a carteira de motorista para pilotar no interior, onde o trânsito é mais tranquilo", conta Graicy Kelly. Ela mesmo confidencia ser habilitada para conduzir motos há pelo menos cinco anos, mas só dirigiu no Recife duas vezes, ambas por necessidade. "Não me sinto segura na capital. Já no interior, ando muito. Lá me sinto mais tranquila para pilotar", revela.
A crescente presença das mulheres no comando das motos é comemorada nas concessionárias. Cerca de 50 motocicletas são vendidas por mês na Moto Center, na Madalena, Zona Oeste do Recife e, em agosto deste ano, 36% foram vendidas para mulheres. Há dois anos, a participação do público feminino nas vendas era de pouco mais de 10%.
"Acredito que as condições mais acessíveis de pagamento, com parcelas mais baixas, além da facilidade de locomoção proporcionada por esse tipo de veículo têm contribuído para a procura das mulheres", avalia Karina Sales, gerente de vendas da loja.
Até o ano passado, ver uma mulher comprando uma moto era uma cena rara na concessionária Top Moto, na Imbiribeira, Zona Sul da cidade. Atualmente, 10% são vendidas para consumidoras femininas. Esse crescimento fez a gerência avaliar a possibilidade de contratar vendedoras mulheres. "Hoje só temos homens aqui, mas já estamos pensando em contrarar uma vendedora que possam entender melhor as necessidades e dúvidas das nossas clientes", antecipa o gerente de vendas, Giovani Maciel.
fonte: jconline
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